No ano 325, o imperador Constantino reuniu na cidade de Niceia o primeiro Concílio Ecuménico do cristianismo. Pretendia apaziguar, com a ajuda da religião cristã, um império dilacerado por décadas de guerra civil. Mas as comunidades cristãs, sobretudo no oriente do império, estavam também elas envolvidas numa acesa discussão: de que modo se havia de salvaguardar o monoteísmo – pedra de toque da tradição bíblica e da alta filosofia grega – sem abandonar a Tradição Apostólica e o sentir dos fiéis segundo as quais esse mesmo Deus, pelo seu Verbo, “se fez carne e habitou entre nós”. Do Concílio de Niceia resultou o Credo, professado hoje por todos os ramos do cristianismo.
Mil e setecentos anos depois dessa grande assembleia deliberativa, as ciências humanas e da natureza alteraram significativamente o nosso entendimento da realidade. Que dizer agora de quem criou um tão vasto e estranho universo, como no-lo revelam a astrofísica, a mecânica quântica e a teoria da evolução das espécies? Que interesse têm ainda os estudos bíblicos e literários, as grandes obras de espiritualidade, à luz do que nos ensinam as neurociências e a psicologia? Como havemos falar hoje de graça e de pecado, ou da “encarnação” e “redenção” em Cristo? Terá algum sentido afirmar que a morte e ressurreição de Jesus alterou de forma determinante o destino espiritual não só dos milhões de seres humanos do nosso planeta, mas das outras tantas galáxias que compõem o nosso universo?
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