Lisboa, 12 nov 2021 (Ecclesia) – O secretário-geral da ONU afirmou que vida e obra de Alfredo Bruto da Costa, antigo presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz, “interpelam a consciência” de todos, sobretudo num momento de crise como o atual,
“Importa preservar o seu legado, o seu enorme saber e a sua profunda experiência”, disse António Guterres, numa sessão de homenagem promovida Paróquia do Campo Grande (Patriarcado de Lisboa), transmitida online, esta quinta-feira.
O responsável Nações Unidas recordou que o homenageado dedicou a sua vida à justiça social, ao estudo e combate à pobreza e exclusão social.
Alfredo Bruto da Costa faleceu a 11 de novembro de 2016, com 78 anos de idade; foi ministro, presidente da CNJP, da Igreja Católica em Portugal, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (1974 a 1980), professor universitário, presidente do Conselho Económico e Socia e conselheiro de Estado, entre outras funções.
“A sua partida deixou um enorme vazio”, observou António Guterres, que lembrou com “saudade” o cidadão empenhado nas “causas mais nobres”, o académico ilustre, o “mobilizador da consciência coletiva ao serviço da justiça e do bem comum”.
Dadas as minhas atuais funções não posso bem deixar de assinalar a convergência da ação de Alfredo Bruto da Costa ao longo da vida com aquele que veio a ser consagrado como o primeiro dos objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, a irradicação da pobreza”.
Para recordar o seu paroquiano, no dia em que se assinalaram cinco ano dos seu falecimento, e falar sobre a pobreza, a Paróquia do Campo Grande convidou o cónego António Janela, do Instituto Diocesano da Formação Cristã (IDFC), Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa, e Henrique Joaquim, gestor da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo (ENIPSSA).
O presidente do IDFC (Lisboa) disse que a sua relação com Alfredo Bruto da Costa começou nos anos 60, na sua paróquia de origem – igreja de São João de Deus –, onde via um jovem, três anos mais velho, a rezar, algo que o interpelava: “Era um homem de oração”.
“Temos muita falta de referências que sejam de testemunho de um cristão com os pés na terra, mas sempre com o coração em Deus”, salientou.
O sacerdote recordou vários momentos em que se cruzaram no trabalho pastoral, destacou que o “magistério” de Bruto da Costa ia “muito para além das estruturas diocesanas”, alguns cursos que ele orientou, sobre a Doutrina Social da Igreja, “problemas sociais e evangelização”, “intervenção dos cristãos na sociedade”.